sexta-feira, 13 de março de 2009

II – A Morte

Estava sem palavras, completamente pasmo por ela estar ali, na minha frente, e com meu anel. Esperava reaver meu anel com o velho a noite, sendo mais um pretexto para voltar à taverna, mas isso? Isso já era muito melhor do que eu poderia imaginar.

- Não vai me convidar para entrar, Sr. Reid?

Eu ainda embasbacado pelo o que acontecia, nem notei que estava sem camisa e com “calças de dormir” por assim dizer.

- Me...me desculpe, não esperava que você fosse aparecer, Srta. Mctyler. Por favor, entre...

Ela da um sorriso, um lindo sorriso “meio torto”, com um canto só dos lábios, meio misterioso. Sorriso esse que iria me cativar eternamente.

- Não prefere se vestir em trajes mais adequados? – falou apontando para minhas calças de dormir – Ou se preferir, eu posso entrar assim mesmo.

Ela entra no quarto e encosta a porta atrás dela, olhando dentro dos meu olhos, como se procurasse a ver quem eu realmente era, e o que queria somente investigando meu olhos. Olhando minha alma...

Fico envergonhado por estar vestido em trajes tão inadequados na frente de tão bela mulher, pego uma camisa que estava pendurada em uma camisa próxima a visto. Tento achar uma calça o mais rápido possível, mas não encontro, e realmente não lembro onde havia deixado na noite anterior...

- Não se preocupe Thomas, não ficarei por muito tempo, na verdade, só vim lhe entregar o seu anel....

Eu a interrompi perguntando, completamente espantado.

- Como você sabe o meu nome? Eu venho na cidade a anos recolher os impostos, mas nunca saio de dentro da carruagem da realeza, como você poderia saber que eu sou Thomas Reid?

Ela da uma boa risada, brincando com o anel por entre os dedos, como se fosse uma moeda nas mãos de um prestidigitador.

- Ora ,Sr. Reid, se assim preferir, você vem dois dias seguidos na taverna do meu tio, sendo que no primeiro dia não tirou os olhos de mim enquanto servia aquelas pessoas, no dia seguinte você volta a taverna novamente vestindo roupas que qualquer pessoa daqui trabalharia a vida inteira para conseguir comprar, e ainda deixa de propósito seu anel de família no banco do aposento, e devo dizer, com certeza meu tio não é nada atraente. Então, se você não estava querendo chamar a atenção dele, e sendo que minha irmã é pouco mais que uma criança, então devo presumir que era a minha atenção que você tentava atrair, estou enganada?

Engasgo de nervoso, nunca imaginava ter dado tão na cara assim que eu só estava lá por causa dela, fico sem reação, sem saber o que dizer, e realmente impressionado pela forma que ela notou tudo isso, e me pergunto novamente “Essa garota é real?”.

Ela estala os dedos, acordando-me de meus pensamento...

- Vai ficar aí sem falar nada? O que me diz, estou certa não estou? - ela diz novamente dando risada, como se fosse tudo uma grande piada.

- Si...sim...está certa. – tento firmar minha voz, para não parecer ainda mais idiota.

Me recomponho, olho fixamente nos olhos delas, sério, querendo demonstrar que não era uma piada, e muito menos que eu era mais um “cara qualquer” que estava ali só por “uma noite” com ela.

- Sim, Katherine, eu vim de longe por que desde o dia que eu lhe vi na taverna pela primeira vez, não consegui tira-la de meus pensamentos. Precisava conhecer você.

Novamente aquele sorriso torto brota em seus lábio. Ela para de brincar com o anel, e o atira para mim enquanto abre a porta do quarto.

- Vejo que também sabe o meu nome, Sr. Reid. Preciso ir agora...

Ela sai do quarto, e no ultimo instante, antes da porta bater, ela a abre novamente.

- Até de noite... – com seu sorriso torto nos lábios - ...creio que vá aparecer novamente essa noite, não é mesmo?

Antes que eu pudesse responder, a porta se fecha.

**

O dia custou a passar, fiquei a maior parte do tempo olhando para o teto do quarto, deitado na cama, esperando que anoitecesse o mais rápido possível só para vê-la.

Começo a me vestir calmamente. Coloco novamente meu anel no dedo, e vou à taverna. Quem sabe essa noite eu poderia conversar com ela um pouco mais, agora que ela sabe quem eu sou, e praticamente “me convidou” para ir lá essa noite.

Saio da hospedaria em direção a taverna com um mau pressentimento, com se alguma coisa não estivesse certa essa noite, estava um pouco angustiado.

Conforme fui me aproximando da taverna, fui tendo a certeza de que algo estava errado. Não havia pessoas na porta, não havia fumaça saindo pela chaminé da lareira, estava tudo escuro, nenhuma lamparina acesa. Uma pessoa passava ao meu lado, não pude deixar de notar a expressão de assustada em seu rosto, olhando para todos os lados, como se estivesse com medo de algo. Procuro por alguém perto para perguntar o que havia acontecido, e avisto um dos bêbados da noite anterior que estava caído na mesa quando fui embora.

- O que aconteceu? Por que a taverna está fechada? - pergunto ao bêbado, ansioso e angustiado ao mesmo tempo, novamente o mau pressentimento tomando conta de mim.

- Você não soube garoto? O velho morreu. Foi encontrado em sua casa essa tarde por sua sobrinha. Foi horrível, o estado que ele estava...

Ele deu um grande gole em uma garrafa, notavelmente querendo “esquecer” de algo.

- Diga, vamos, me diga! O que houve?! Katherine está bem? – Segurei o colarinho do bêbado com força, olhando nos olhos deles, tentando intimidar.

- Calma garoto, CALMA. – dando um soco na minha mão, se desvencilhando do agarrão – Ela está bem...não aconteceu nada com ela.

- Então me conte, o que aconteceu com o Sr. McTyler! Diga!

- Ele foi encontrado essa manhã, pela Srta. Katherine, morto em sua casa, como eu estava te dizendo. Seu peito estava aberto, como se suas costelas tivessem sido puxadas de dentro para fora, e havia marca de uma mordida em seu pescoço. Tinha sangue por todo lado, garoto, foi horrível, horrível mesmo. Provavelmente algum animal entrou na casa e atacou o Sr. McTyler quanto ele dormia.

Larguei o bêbado sentado no chão, e sai correndo em direção a hospedaria. Precisava descobrir onde Katherine morava, para saber se ela estava bem, e se nada havia acontecido com ela realmente.

Chego a hospedaria, quase sem fôlego e com falta de ar, parte por culpa da corrida e parte pelo desespero de achar que algo de mal havia acontecido à ela.

- Por favor, Sra.Mcloud, me diga, onde que a Srta. Katherine McTyler mora, preciso vê-la para saber se ela está bem depois do que aconteceu com o tio dela. – Falo ofegando para a dona da hospedaria, quase sem conseguir ordenar os pensamentos.

- Acalme-se Sr, acalme-se! Ela mora a duas ruas daqui, naquela direção – apontando para o lado norte da vila - em uma casa pequena, com alguns arbustos ao redor da casa, não tem como errar.

Mal deixei a mulher terminar de falar e fui correndo na direção indicada, precisava vê-la a qualquer custo, ter certeza de que ela não havia se machucado.

**

Realmente não havia como errar, a casa era meio isolada das outras, e completamente cercado de arbustos de azevinho, havendo uma pequena chaminé no alto do telhado de onde saia uma fina fumaça branca. Era, apesar de tudo, uma casa simples, construída em madeira, havendo uma janela lateral a direita da casa.

Conforme fui me aproximando, fui diminuindo o passo, tentado me acalmar para que, se acaso ela estivesse em choque, eu pudesse confortá-la.

Deu para ver pelas sombras geradas pela lamparina, que ela não estava sozinha em casa e quanto mais me aproximava, mais pude ouvir que estavam discutindo.

Instintivamente diminuí ainda mais o passo, não querendo ser notado, fui me aproximando lentamente da janela da casa, e me abaixei por entre os arbustos, tentando ouvir o que conversavam, querendo saber se Katherine estava em perigo.

- O que você quer que eu faça, Katz?! Eu não tenho como abandonar essa vida! Olha o que aconteceu com sua mãe a anos atrás! Eu não posso parar enquanto não acabar com...com...com essas coisas! – dizia uma voz grave, soando um pouco irritado, e ao mesmo tempo determinado, nervoso.

- Mas pai, olha o que aconteceu com a mamãe, e agora com o tio, por que a gente tem que continuar com isso, nós temos que parar!

- Eu não posso parar enquanto não encontrar quem fez aquilo com ela, você sabe muito bem disso, e havia prometido me ajudar a encontrar.

- Eu sei muito bem que prometi, e por isso não te abandonei até hoje, levando embora a pequena Sissy, mas novamente levaram alguém que próximo a nós, vai esperar que aconteça o mesmo com Sissy? – dizia Katherine, impacientemente e chorando.

- Não! Isso NUNCA, não vou deixar que nada aconteça com você ou com a Sissy, isso eu prometo à você! Mas sem sua ajuda, eu não vou conseguir seguir a diante...eu preciso da sua ajuda Katz.

- Está certo pai...está certo, me desculpe, realmente não há como parar, isso sempre vai nos encontrar, não importa aonde nós estivermos, sempre estará atrás de nós, e nós sempre estaremos atrás deles.

- É, infelizmente eu acho que você tem razão, querida. Você sabe o que nos tornamos e o que precisamos fazer, não há como parar agora....

- Um dia isso vai parar...

3 comentários:

  1. Nhaaaaaa... seu boxta.. gostei dessa merdaaaa...
    vê se continua com isso >.<''

    bjokas maninho lindo da Kinhazinha.

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  2. Criatura, já se passaram cinco dias, cadê o próximo capítulo? Eu leio muito rápido, acho melhor esperar vc escrever a história toda e aí então começar a ler... Paciência é algo que não tenho, vc sabe =) Mas está legal!

    Bjos

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